quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Se o rádio não toca... (Parte 2)

Lá vou eu citar mais um baiano maluco e genial. Dessa vez peguei uma música de Tom Zé pra servir de referência para algumas coisas que são válidas serem escritas e espero que lidas também.
Ouvindo a música Identificação do Tom Zé, fiquei pensando como a nossa vida é regrada através dos números, somos todos classificados, catalogados. Não querem saber meu nome, perguntam-me o CPF. Num feriadão anunciam o número de acidentes, o número de mortos. Pouco importa quem morreu, tudo acaba virando estatísticas. “E eu o que faço com esses números?”, cantaria Humberto Gessinger.
Classifica-se o melhor aluno pela nota, o melhor carro pelo preço. Essa mania de querer quantificar tudo, de querer analisar uma pessoa através de números, de impor para todos o que é o melhor, o que é o mais bonito.
A música de Tom Zé enfatiza de forma crítica e ao mesmo tempo satírica um pouco disso que eu falei. Ele coloca através de números suas emoções, as coisas boas e ruins que acontecem ou que ele tem que engolir de alguma forma e no seu dia a dia.

“Títulos protestados, 7
Impulsos de medo, 1.106
Sintomas neuróticos, 36
Horas semanais de catequização pela TV, 16
(...)
Impulsos de amor, de amor, 3
Propaganda consumida, 1.106
Alegrias, alegriazinhas espontâneas, 2
Idas ao banheiro para atividades diversas, 36”

            A música critica também o estresse generalizado, o medo do que se vê na TV, do que ocorre na rua, no trânsito. Neurose por tudo. Está se tornando algo normal ser estressado. O que me chama atenção é que às vezes parece haver competição em torno disso, “Ah, mas o meu trabalho é muito pior.”, “Os meus problemas são bem maiores.”. Estão querendo medir até estresse! Por quê?! Será que a tranquilidade é algo inalcansável?! Será que existe ainda tranqüilidade? E a felicidade? Cada vez mais nos vendem felicidade, nos fazem engolir inúmeras propagandas, nos mostram que felicidade é correr ao ar livre por um gramado num dia de sol com a família, usando qualquer merda que eles queiram vender. Eu quero minhas alegriazinhas espontâneas, por menos que sejam, mas que são muito mais sinceras que qualquer outro tipo de felicidade comercial. Quero saber separar o que me faz bem e o que me faz mal. Quero ter um tempo pra mim, pra sossegar, refletir, se desligar de tudo, é importante pra alma e pra mente.
            Mas voltando pra música, Tom Zé relata que o tempo previsto de vida para um cidadão seria 600 mil horas de vida e a partir daí ele vai destacando problemas comuns em nosso dia a dia como o “consumo de alimentos envenenados, refrigerantes, remédios e enlatados”, o “desgosto que se padece naquela fila do INSS”, além de todos os desejos não correspondidos e todos os medos freqüentes. E a cada vez que ele descreve um desses problemas ele fecha a frase com “1125 horas”, que seria um abatimento dessas 600 mil horas de vida. E deixo então o Tom Zé finalizar esse texto com o que restou da música:

Abate aqui
Abate ali
Abate isto
Abate aquilo
E jaz pela cidade
Um zumbi sem sepultura
Classificado, numerado
É o cidadão bem comportado”

            Demais a música! Confere aí:

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Carcamano!

No último fim de semana fui agraciado com um belo e aguardado presente. Bem aguardado por sinal, hehe. Meu primo, Bira, presenteou minha família com três Cd's do primeiro disco de sua banda Carcamano que se chama Omertà. Eu já me apossei de um. Música boa e de muita qualidade.

Aí vai um clipe da música "O Último" pra quem quiser curtir:



Vale a pena conferir também outras músicas no http://www.myspace.com/carcamanoficial

Recomendo!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O eterno número 1!

Lendo um site de esportes, vejo a notícia que dizia que no dia 3 de dezembro de 2000, há 10 anos Guga se tornava o número 1 do mundo.
Eu poderia estar aqui citando Fittipaldi, Senna, Oscar e outros atletas que marcaram seus nomes na história do esporte nacional, não só como atletas, mas como ídolos. Mas eu prefiro aqui falar sobre um sujeito que eu pude ver ao vivo, que eu pude acompanhar sua ascensão, e que sempre se mostrou uma figura humilde e carismática.
Guga... Catarinense. Acho que essa ligação de apelido e de estado fez com que o pequeno Guga admirasse ainda mais o que esse grande tenista fazia dentro de quadra. A única e crucial diferença era o time pelo qual torcíamos, mas aí convenhamos que ninguém é perfeito.
Mas voltando ao assunto, após ler algumas das matérias que estão sendo publicadas em homenagem a essa data, eu me senti obrigado a assistir vídeos daquele dia e daquelas partidas. Foi realmente de arrepiar. Simplesmente comecei a lembrar daquelas tardes, manhãs, às vezes madrugadas em que a família se reunia só pra assistir aquele magrelo cabeludo representando o Brasil. E representando muito bem.
Só venho aqui prestar mais essa homenagem ao grande tenista e grande pessoa que é. Com uma história de vida marcada por perdas na infância e glórias na sua carreira profissional. É realmente um orgulho pro Brasil. Pela sua determinação, vontade e dedicação pelo esporte e pelo país que ama.
Sem mais... estou sentimental demais pra escrever. Hehe. Deixo aí um vídeo da vitória na semi-final do Master Cup 2000 em Lisboa do Guga sobre o monstro Pete Sampras, que, por incrível que pareça, eu, assistindo novamente, comemorei cada ponto como se fosse ao vivo.




E outro vídeo que mostra o Guga no seu discurso de despedida, esse aí é pra chorar. Emocionante.



Valeu Guga! Pra sempre o número 1!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Se o rádio não toca...


Como diria o escritor e poeta francês Victor Hugo “A música é o barulho que pensa”. É também o barulho que nos faz pensar, refletir, mudar. É mais que uma terapia. É arte. E a arte é o grau mais alto da capacidade humana, como diria Tom Zé.
A música conta muito a história e a cultura de um povo. Identifica épocas, marca gerações, cria ídolos, eterniza gênios e mitos.
Mas porque eu estou tocando no assunto música? A partir de hoje eu vou começar a postar algumas letras que me chamam atenção pela sua estrutura e pela sua história dentro um contexto. E a partir daí, espalhar um pouco mais dessa magia que a música nos traz.
Hoje eu estava ouvindo uma música de Raul Seixas, pouco famosa, mas com uma mensagem direta e sutil. Ela se chama “Réquiem para uma flor” e como na maioria das músicas de Raul a mensagem vem através de metáforas. Ela começa assim:

“Fruto do mundo
somos os homens.
Pequenos girassóis
os que mostram a cara,
e enorme as montanhas
que não dizem nada”

            Eis aí um retrato simples e poético da visão de Raul sobre a humanidade. Alguns que sonham em mudar algo no mundo e que dão a cara a bater por essa mudança, estes representados pela figura de um girassol. São geralmente os loucos, os diferentes, os utópicos, os grandes pensadores, que se diferenciam e se destacam das grandes montanhas que não dizem nada.
            Mas ao mesmo tempo, alguns desses girassóis podem não florescer devido a grande sombra que as montanhas fazem. A pressão da sociedade, a repressão dos conservadores, o modo como nossas crianças aprendem a perder o senso criativo e tantas outras questões que implicam em fazer alguns girassóis não passarem de mais uma planta qualquer nessa grande montanha. Como o título mesmo diz réquiem para uma flor. O termo réquiem seria uma missa composta especialmente para um funeral, nesse caso a morte da flor, a morte de mais um girassol.
            Por fim, Raul fecha com uma frase em espanhol que diz “Incapaces los hombres que hablam de todo e sufrem callados”. Traduzindo: “Incapazes os homens que falam de todos e sofrem calados”. Essa frase complementa o que ele quis dizer nos primeiros versos, fechando esse poema de forma genial. Representa a inveja das montanhas em ver o belo girassol florescer. Algo tão comum no nosso cotidiano, em que se vêem as pessoas julgando a felicidade dos outros, querendo definir o que é certo e errado, sem se dar conta no rumo que a sua própria vida está seguindo.
            Façamos que se floresçam mais girassóis! Plantemos a criatividade, a arte, a cultura, o bom senso e esperemos por um mundo mais florido e melhor.


Pra quem quiser ouvir, segue abaixo a música:

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O dia de amanhã

- De repente, eu acordo, e me vejo com 83 anos. Um sonho? Não, completamente o contrário. E o que antigamente, lá pelo começo dos anos 2000 parecia ruim, piorou.
            Em pleno ano de 2075 o mundo vive abalado, porém, um pouco aliviado com o final da 3ª Guerra Mundial. O motivo dela? A água. E o pior de tudo, é que o Brasil que tem água em abundância foi o que mais sofreu.
            Cidades destruídas, famílias horrorizadas e a nossa honra arruinada. “Verás que um filho teu não foge à luta”, não foi bem isso que se viu nesse momento de terror. Quem tinha dinheiro saía do Brasil, ia para o exterior assistir pela televisão essa atrocidade. Enquanto que o povo brasileiro, o povo sofrido mesmo, se defendia como podia. Dava o seu jeito de sobreviver como sempre fez. Até porque se fosse para fazer um manual de sobrevivência, qualquer brasileiro colocaria aqueles apresentadores da Discovery e afins no chinelo.
            Realmente o que me deu uma lástima de esperança nesse triste período, foi ver esse povo se ajudando como podia. Pensava que o homem estava perdendo seus princípios. Perguntava-me até quais eram os princípios humanos. Quem é o homem na sua essência? O bem ou o mal iria prevalecer no caos? Enfim, eu vi um povo solidário até nos aparentes últimos momentos. Pessoas se doando pelos outros. Seria a fé do brasileiro? Seria a esperança de algo maior pra depois dessa vida? Pouco importa. O que fazia sentido naquele momento era ver que ainda temos chance. Temos chance de um mundo mais humano, mais altruísta, mais nosso, mais de todos.
            Eu me vejo aqui deitado nessa cama de hospital, enquanto um robozinho simpático vai colocando uma perna mecânica em mim. Foi triste acordar sem uma perna, depois de ver a minha casa derrubada por uma bomba. A minha velha não teve a mesma sorte, Deus escolheu ela pra viver melhor e mais tranquila ao lado Dele. Enquanto que para mim, Deus enviou um anjo numa roupa de bombeiro, que me tirou dos destroços e salvou minha vida.
            Um triste fim pra um velho como eu. Já não sei o que fazer sem minha companheira, sem nosso lar que nos abrigou durante nossos 61 anos de casado, que guardava todas nossas lembranças, histórias de vida. Todo o material da nossa história agora se limita a minha já fraca memória. Estou realmente confuso.
Porém, seria muita injustiça com aqueles que me salvaram se eu deixasse de viver a vida e de sorrir. Sei que me falta pouco tempo, mas nunca é tarde pra recomeçar. E depois de tanta destruição é tempo de recomeçar. Vou me fazer útil até o meu último suspiro, parafraseando Raul sei que minha cabeça não vai agüentar se eu parar. Tenho tanto pra ensinar, tanto ainda para aprender. Quero viver!
Sinto minha cruz pesando cada vez mais. Mas serei forte pra conseguir carregar todo esse sentimento de perda e de dor. Pois o homem que se prende ao passado é infeliz no presente, pois passado é para se recordar não para viver.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Deus abençoe o Nordeste!

“O nordeste elegeu a Dilma”. Cansei de ouvir essa frase após a eleição do último domingo. Além de outras afirmações que deixam claro que brasileiro é fanático em tudo. Quando perde acha desculpa pra isso e pra aquilo. Essa é a democracia que escolhemos para viver, é talvez o único momento em que o pobre tem o mesmo poder do rico. Talvez seja só na hora da eleição que os direitos e deveres do cidadão sejam posto em prática sem discriminação de classe, credo e cor.
É bom deixar claro que não foi por causa do Nordeste que a Dilma se elegeu, até porque se pegarmos os números de votos somente na região Sul, Sudeste e Centro-Oeste veremos 51% de votos para Dilma e 49% para Serra, até porque em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, que são dois dos maiores colégios eleitorais, a Dilma ganhou com certa folga.
Mas o mais triste é ver que ainda existem sentimentos bairristas em muitas pessoas. Tem gente que alimenta aquela história de separar sul do norte. Um sentimento tão cruel quanto o Nazismo de Hitler, ao querer se criar uma raça maior e melhor, o que de fato não existe. Vai haver pessoas sérias tanto no norte quanto no sul, assim como haverão pessoas injustas, desonestas e burras em todo lugar.
Nós vivemos rotulando as pessoas, e esse estereótipo que a maioria dos sulistas fazem com os nordestinos é altamente ignorante e preconceituoso. Tive a oportunidade de conhecer alguns lugares do nordeste e percebo que eles são tão guerreiros e trabalhadores quanto qualquer outro brasileiro e, além disso, sempre com o sorriso no rosto. Chico Anísio, tão respeitado humorista e nordestino, dizia que “o nordestino é o povo mais bem-humorado do mundo, pois devido ao sofrimento causado pela seca, é preciso rir para não chorar”.
Ariano Suassuna, Castro Alves, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Zé Ramalho, Belchior, Luiz Gonzaga e Raul Seixas. Chico Anísio, Tom Cavalcante e Renato Aragão. Todos grandes ícones da cultura brasileira. Todos nordestinos? Sim. E acima de tudo, todos brasileiros.
Esse país é nosso. É formado e influenciado pelas culturas de sul a norte. É essa miscigenação que faz do Brasil único. Saibamos nos respeitar e aprendamos a crescer com nossas diferenças. Pois é na diferença, na discussão, que se evolui, mas com inteligência, não com ignorância.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Valeu Tigrão!

Nas alegrias e nas tristezas, sempre foi uma necessidade te acompanhar. Me preocupava a situação em que você estava se metendo. Mas o futebol é cíclico, já estivemos por cima, já chegamos quase no fundo do poço, mas hoje vislumbramos um futuro promissor. Valeu mesmo, meu Tigre! O amor que eu sinto por você é pra sempre e em todas os momentos.



Agora é rumo a série A!!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Aonde vamos parar?

O que aconteceu com a propaganda política? Eu estou vendo errado ou nas propagandas da Dilma só se ouve sobre o Serra e nas do Serra só se fala em Dilma.
            Quem não presta atenção deve estranhar, pois começa assim “Serra isso, Serra aquilo... Vote Dilma!” ou então “Dilma... Dilma... Dilma... Vote Serra 45!”.
            Será que eu sou tão jovem assim e não entendo de política ou será que essa é a eleição em que menos se debateu propostas e questões sociais?
            Eu penso que os nossos futuros presidentes deveriam ter um mínimo de elegância e educação e serem exemplos para todos. Deveriam falar de coisas que realmente importam. Abaixaram demais o nível. Ficam lá os dois se atingindo. Chega a ser ridículo.
            Porque ninguém se agigante derrubando o outro, pelo contrário, pra mim é tão fraco quanto o atingido. Quem é bom, se ergue por si só, por suas próprias forças e palavras e na minha humilde opinião está faltando muito pra esses candidatos merecerem algo tão grande quanto a presidência do nosso país.
            Além disso, essa briga pelo poder de forma tão intensa e até violenta, me desanima. Se pudéssemos eliminar todo tipo de partido, todo tipo de divisão, em prol de algo maior seria magnífico. Outros já sonharam isso, e realmente não passa de um sonho, pois a ganância e a ânsia pelo poder são mais forte que o homem. Infelizmente.

sábado, 16 de outubro de 2010

Lembrando os Heróis do Passado!



Como pode a gente se emocionar e sentir saudades do que nunca vivenciamos? Não sei como, mas foi o que senti hoje ao simplesmente acompanhar pelo rádio a partida entre o time do Criciúma campeão da Copa do Brasil contra os Masters do Internacional de Porto Alegre em comemoração aos 55 anos do Majestoso Estádio Heriberto Hulse.
Infelizmente não pude estar presente para assistir os nossos heróis, que tanto ouvi falar desde pequeno com histórias contadas pelo meu pai. Aliás, só tenho a agradecer meu pai que tanto me influenciou a acompanhar e amar esse time.
            É gratificante ver a identificação que esses jogadores tem com o Tigre, e mais bonito ainda ver que enfim conseguimos reunir a maioria deles nessa grande festa.
            Há a promessa que ano que vem teremos outro jogo, em comemoração aos 20 anos do título da Copa do Brasil, e dessa vez espero estar presente.
            Enfim, o clima no HH é o melhor de todos e espero que contagie os nossos atuais jogadores para conseguir mais um feito na semana que vem contra o Macaé. Pois o hino já diz que além de lembrar os heróis do passado, esse time é “predestinado a um presente e futuro de glórias”.
            Pra cima deles Tigrão!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Viva!

Existe algo mais sincero que um sorriso infantil? Há algo mais cativante e inspirador que o olhar distante, vago e puro de uma criança? São momentos como esses que me fazem acreditar que o mundo possa mudar para melhor.
Infelizmente muitas pessoas deixam de alimentar as crianças que carregam dentro de si. Alimentam somente seu ego, seu ceticismo, seus problemas e esquecem de dar valor as coisas simples e boas que a vida tem a oferecer. Os detalhes minuciosos que o olhar infantil não deixa escapar e que fazem muita diferença.
Vejo o mundo cada vez mais chato e politicamente correto. Pura hipocrisia! As pessoas querendo cada vez mais regrar a vida dos outros, cada vez mais se preocupando com coisas irrelevantes e se esquecendo de viver, de brincar, curtir e sentir prazer no que a vida nos dá.
Viva o hoje, olhando pro futuro e relembrando o passado! Leve a vida de forma equilibrada sempre! Sejamos mais crianças! Sorríamos mais!

            Bom dia a todos!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sobe?!

-Bom dia!
-Opa!
-Que tempinho, ein?!
-Pois então...
    *Tlin*
-Tchau!
-Até mais!

          Nós, seres humanos comuns, não sabemos de fato como se portar dentro do elevador. É realmente algo mágico e estranho. Bate aquela sensação imediata de se calar e esperar apreensivo a luz acender no número do andar desejado.
         Quando não se calamos, o assunto ouvido dentro dessa misteriosa caixa metálica é o tempo. Bendito seja o criador do dia chuvoso, do dia ensolarado, dos dias de "tempo louco". O que seria de nós sem esses preciosos assuntos?!

- Tempo estranho, né?

- Ufa! Calorão ein!

- Essa chuvinha é boa pra ficar dormindo!

          Assuntos curtos, mas que duram o tempo suficiente até chegar ao seu destino, deixando a situação menos embaraçosa e mais sociável.
          Porém, nem tudo é um mar de rosas! Maldito dia em que você encontra duas vezes a mesma pessoa neste recinto. Você fica pensando "Putz! De novo ele! O que dizer agora?! Vejamos: tempo, chuva... Meu Deus! Esgotaram-se os assuntos!". Nesse instante ou você é salvo pela perua do 403 que entra com seu poodle reclamando que o tempo vai acabar com seu cabelo, ou você estará sujeito ao seu pior pesadelo. Os segundos passam como se fossem horas, seus olhos fixos nos números dos andares deixam transparecer certa agonia. E o alívio só vem na despedida, com o começo para uma nova vida.
          Digo isso com propriedade, quem passou por essa tortura encara a vida de outra maneira. Agora, além de analisar o tempo, começa a dar uma conferida no caderno de esportes também!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Descascando a Laranja Mecânica

A obra Laranja Mecânica, escrita em 1962 por Anthony Burgess, traz consigo uma originalidade e um brilhantismo sem igual. Nesse livro, Burgess retrata uma Inglaterra futurista infestada de gangues e violência. E é nesses pontos que a Laranja Mecânica se destaca de outras ficções científicas, pois aproxima de uma realidade bastante perceptível para o leitor.
Ao ler a obra, é inevitável não se surpreender com o protagonista Alex. O jovem conta sua história de maneira bem informal, aproximando ainda mais o leitor do livro, deixando-o, praticamente, íntimo de Alex.
Alex, de fato, é um jovem muito controverso e altamente complexo. Tem os princípios de um revolucionário, louco, gênio, mas para o Estado ele é só mais um perturbador da ordem e para a sociedade não passa de um jovem mal educado e ingrato aos pais. Na verdade, Alex é mais um que não se encaixou na sociedade, não compreendeu as regras ou simplesmente ignorou-as. Como diria Raul Seixas “Ninguém é igual. Mas a civilização, através dos séculos, não respeitou a integridade do homem, criando leis absolutas e tentando impor uma vontade comum a todos. Isso é a mesma coisa que entrar numa sapataria e mandar o sujeito só vender um número de calçado, sem respeitar aqueles que possuem os pés menores. E se o sapato escolhido não cabe em nossos pés, nós somos de qualquer forma obrigados a usá-lo. E usamos.”. Nesse caso, Alex preferiu não usar, e “descalço” levou sua adolescência à sua maneira, fazendo o que lhe agradava e não se importando com o resto da sociedade, que, segundo o nosso protagonista, não dava a mínima para ele também.
Alex demonstrava um gosto refinado para música, diferente de seus druguis (amigos) e outros adolescentes. Apreciava música clássica, em especial Ludwig Van Beethoven. Além disso, tinha o dom de liderar. Sua inteligência e força o credenciavam como o líder de sua gangue. E por menor que seja seu grupo de comando, sempre haverá aquele que vai querer derrubar esse líder. Com Alex não foi diferente, traído pelos seus amigos, o jovem acaba preso, retratando assim a ânsia do homem pelo poder ou então a agonia do homem em ser comandado.
Na visão do The New York Times, a Laranja Mecânica é “uma sátira brutal das distorções das mentes individuais e coletivas”. Qual a real natureza do ser humano? Porque é tão mais fácil pensar numa coisa ruim do que o contrário? Será que só fazemos o que é certo por causa das leis que nos regem? Afinal, quem disse o que é certo? O que é certo? No livro conseguimos analisar de uma maneira bem chocante, assim como nas nossas vidas, a pressão constante sobre as pessoas, o estresse generalizado, o desejo de vingança e a capacidade de guardar rancor e ódio que cada ser humano tem.
Laranja Mecânica.O título por si só já é algo bastante impactante e de forma que ao ler a história pode ser interpretado de diversas maneiras. Quando Alex é preso e passa por um processo de “lavagem cerebral” a partir de substâncias injetadas e outros meios de alienação terapêutica realizadas pelo Governo, o jovem é então impedido de escolhas éticas como o bem e o mal, o certo e o errado, pois todas suas atitudes tinham de ser boas ou então seu próprio corpo reagia de forma negativa consigo mesmo, sentindo dores e enjôos. Para o Estado o método foi uma maravilha, pois não importa o que você pensa, quais seus desejos, desde que esses não se manifestem. Trazendo para a nossa realidade, vemos as pessoas assim também, tantos desejos e revoltas que ficam guardadas, mas não às manifestamos, muitas vezes para não se incomodar, manter um pouco de tranqüilidade em nossas vidas, fruto da grande alienação que fizeram conosco. Como uma laranjeira dando sempre frutos iguais, nem um pouco mais doce, nem mais amargo, todos mecanizados. Laranjas mecânicas.
Enfim, Laranja Mecânica por si só é espetacular devido a grande variedade de interpretações. Sua leitura é muito subjetiva e cada um guarda pra si o que conseguiu chupar dessa Laranja. Temas impactantes, polêmicos e controversos são retratados nessa obra-prima de Anthony Burgess, que apesar do tempo continua tão atual como nunca.
Recomendo!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação pra que?

            Acompanhei mais um debate e novamente me decepcionei quando os candidatos falam sobre educação. Toda vez que tocam nesse assunto, eles prometem mais universidades, mais cursos profissionalizantes, mais escolas técnicas. Mas de que adianta?
Votaria no primeiro candidato que se comprometesse a investir prioritariamente na educação básica, pois é a partir daí que se formarão cidadãos, é a partir de escolas públicas de qualidade que oportunidades se abrirão para qualquer brasileiro. Consequentemente, o investimento na educação, refletiria em números mais satisfatórios na segurança e na saúde, pois tudo está, de certa forma, interligado.
            Citarei o exemplo do Japão, que depois da 2ª Guerra Mundial, visivelmente destruído, se recuperou e é o que é porque investiu e continua investindo na educação. Segundo a professora Loretana Paolieri Pancera, que dirige a União Educacional Brasil-Japão, e que teve a oportunidade de observar de perto a realidade oriental, lá os japoneses encaram a educação de forma série. Lá as crianças vão para o jardim de infância orientadas pela família a estudar e já criam uma responsabilidade e uma consciência da importância que a educação vai fazer para o futuro dela. Como ela diz “para eles, a educação representa tudo na vida. Sem educação não há emprego, não há um futuro que lhe garanta alguma segurança.”, além disso, ela cita que “no Japão, a única pessoa para qual o imperador levanta para cumprimentar é o professor”.
            Mas porque não se investe na educação? Primeiro porque é um processo demorado e contínuo e por isso o governo prefere dar “esmola” pra população, resolvendo o problema com bolsas e políticas sem futuro que não retiram o mal do Brasil pela raiz. Além disso, é por causa dessas “esmolas” que o governo Lula tem tanta aprovação. Porque o povo se contenta com isso. E provavelmente não vai mudar com Dilma, porque as “esmolas” continuarão, mantendo a situação educacional do país inerte.
            Desse jeito, o Brasil continuará sendo o país do futuro, pois sem educação jamais será o país do presente!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Até quando esperar?


Uma vez eu tive a sorte de me encontrar com um senhor com seus 60 e poucos anos e a gente pôde conversar de diversas coisas, em especial política. Pra mim, nos meus 18 anos de vida, foi algo realmente bom poder discutir tais assuntos e discutir um pouco de história, que ele tinha vivido e eu tinha estudado.
Um dos pontos que ele citou foi em relação ao pensador francês Montesquieu que criou a Lei dos Três Poderes: Judiciário, Executivo e Legislativo. Montesquieu dizia que para evitar governos tiranos e absolutistas era necessário se dividir o poder em três e que cada poder deveria ser autônomo, porém com a devida fiscalização dos outros poderes. Ou seja, independentes, mas ao mesmo tempo harmônicos entre si.
Parece que a importação dessa teoria chegou com defeito na nossa terrinha. Não sei por qual razão - tão óbvia, porém tão complexa de se explicar – que aqui no Brasil os três poderes não são tão autônomos e independentes. Traduzindo: é muita gente lá dentro com “rabo preso”. Até por que o pessoal do Judiciário é indicado a tal posto pelo pessoal dos outros poderes.  Estranho, não? Aí futuramente quem vai julgar o político corrupto? Acertou quem respondeu o Judiciário! A esperança de que alguma punição ocorra de fato fica para quando a Polícia Federal resolve tomar rédeas da situação. Isso se o STJ depois não mandar liberar os culpados!
E então nessa semana que se passou eu sou obrigado a assistir uma palhaçada no STF em que 10 ministros se reúnem, cada um com seus interesses predefinidos, e a única conclusão que eu tirei foi que advogado não convence advogado. Ficaram lá mais de 10 horas e a decisão foi de 5x5 pelo adiamento da Lei Ficha Limpa para essas eleições. E por fim, não se chegou a lugar nenhum, se adiou a votação e segundo o ministro Marco Aurélio “A sociedade aguarda”. Claro que sim, seu excelentíssimo Marco Aurélio, aguardamos a hora desse teatro cair, as máscaras todas no chão. Pois eu já estou de saco cheio do Judiciário ignorar a Constituição quando ela tem de ser aplicada e achar brechas na lei quando ela vem pra fazer justiça a quem deve.
A menos de uma semana para as eleições e os “fichas sujas” não sabem se vão poder assumir caso se elejam. Mas segundo o ministro presidente do STF, Cezar Peluso, mesmo que a lei não entre em vigor já em 2010 “o povo está sabendo quem é ficha suja e quem não é”. Não seu Cezar, infelizmente o povo não sabe. Até porque se soubesse, se votasse consciente, muitos ratos não estariam no poder.
E como gostava de dizer aquele senhor que eu citei no começo do texto “O poder é do povo”. Porém, enquanto o povo ficar a mercê de 10 pessoas estaremos perdidos e totalmente submissos. Ele dizia e incentivava-me, se tiveres que lutar, lute! E quando vencerem coloque alguém realmente do povo como líder, alguém responsável, de caráter e que não venha a trair esse mesmo povo que o colocou como seu supremo.
Pode soar meio utópico, mas deixa-me com minha juventude e minha empolgação querer mudar o mundo. Talvez eu não consiga acabar com a corrupção no Brasil, e com a maldade no mundo, mas jamais desistirei de mudar o que tiver ao meu alcance, pois já cantava Belchior “Amar e mudar as coisas me interessa mais”.
É isso!

Pra começar...

Não sei se é normal, mas uma certeza que eu guardo comigo é da incerteza que eu tenho sobre quem eu sou e até o que eu quero. Os meus 18 anos chegaram e parece que o mundo impõe uma pressão tão grande na gente que te desnorteia. Foi a mudança de hábito, de cidade, de rotina. Talvez. Mas tenho dúvidas ainda sobre o que eu tenho que plantar pra ser futuramente, e isso impede a gente de seguir. Até porque a incerteza é o pior mal do homem.

Porém, busco transformar toda pressão em coisas boas, lembro do que a vida me oferece e do que eu tenho a oferecer para a sociedade. Não vale a pena fechar os olhos para o que é errado e injusto. Nossa consciência é mais forte, ao menos a minha é. Busco viver de maneira que meu corpo e mente se mantenham em equilíbrio. Pois tudo em excesso faz mal, tudo ao extremo é prejudicial, todo fanatismo é burro. A mesma água que refresca, afoga. O mesmo fogo que aquece, queima.

Fecho esse primeiro texto com um trecho da música Under Pressure de Freddy Mercury e David Bowie "A insanidade sorri, sob pressão estamos pirando. Não podemos dar a nós mesmos mais uma chance? Por que não podemos dar ao amor mais uma chance? (...) Pois o amor é uma palavra tão fora de moda e o amor te desafia a se importar com as pessoas no limite da noite, e o amor desafia você a mudar nosso modo de nos preocupar com nós mesmos (...) Isto somos nós mesmos, sob pressão." 
E realmente é essa pressão constante que nos cega de tantas coisas que a vida tem a oferecer. É essa pressão que nos faz negar ajuda, nos faz se importar cada vez menos com o outro e só se importar com o que é de seu interesse, seus problemas, sua vida.

Até mais!