Todos conhecem a velha história da Arca de Noé, mas há uma história por trás da história que jamais foi revelado. Pelo menos até agora.
É sabido que na época, Noé poderia embarcar em sua arca apenas um casal de cada espécie de animais. Mas eu me pergunto: E o resto dos animais? Simplesmente morreram? Segundo fontes, o dilúvio devastou tudo. Matou geral. Porém há uma parte da história que revelará o contrário. Eis o outro lado da moeda:
“Era um dia ensolarado, Noé e sua família faziam os preparativos pro grande dia. Enquanto o patriarca passava a ultima demão de tinta na proa junto com seu filho Jafé, a sua esposa varria o convés a espera dos animais que eram enfileirados por Cam e Sem.
Nas redondezas o burburinho era grande. Já que apenas um casal de cada espécie teria o privilégio de salvar-se, a inveja tomava conta na floresta. A girafa se lamentava, o elefante estava indignado com o processo de escolha, a hiena só ria, um leão que se achava o rei estava mais confuso que os peixes, que não entendiam o porquê daquele alvoroço todo. “Por que esse medo todo de água?”, indagava uma truta.
Enquanto isso, um tigre, junto de sua mulher e seus dois filhotes, implorava a Nóe que lhe desse uma passagem para a arca. Dizia que estavam levando os tigres errados e que provaria que Noé estava enganado. O dono da arca simplesmente fez um sinal com a cabeça dizendo que não, guardou as tintas e o pincel, e adentrou na arca. O Tigre saiu frustrado com a aparente derrota, mas não desistiria de seus sonhos assim tão fácil. Não se renderia por causa de uma chuva.
É chegado então o grande dia. Noé conferia a lista de chamada e colocava os animais para dentro da arca, enquanto sua esposa e seus filhos acomodavam cada casal em seu devido lugar. “Nada dos leões perto das zebras!”, “Não! Separa o casal de elefantes. Um de cada lado, senão a arca capota na primeira curva!”, orientava o patriarca.
As primeiras gotas já haviam começado a cair. Segundo a meteorologia divina, a chuva não daria trégua por 40 dias e 40 noites. Todos a bordo, a arca é então fechada. Os animais do lado de fora ainda procuravam explicação para aquilo tudo. Muitos buscavam abrigo nos lugares mais altos que pudessem chegar, enquanto outros se preparavam para o fim da vida. A macacada, sempre ligeira, já ocupava os topos das maiores árvores. O Tigre, o ignorado por Noé, treinava natação junto com a família, sabia que poderia aguentar se fosse valente e faria de tudo pra salvar a si e suas crias.
A cada dia as águas se enchiam mais. Os topos dos montes já estavam quase desaparecendo, as árvores já estavam todas cobertas por água, quase toda forma de vida animal terrestre estava extinta fora da arca. O Tigre, bem preparado, nadava e nadava, e dava forças para sua família e juntos iam seguindo naquele oceano sem fim. A chuva não parava e o corajoso Tigre enfrentava furacões e tubarões, e ganhava mais força a cada dificuldade superada. Depois de 40 dias e 40 noites a chuva cessou. A família felina aguentara tudo aquilo se alimentando de peixes que davam bobeira por perto e descansando em troncos que boiavam na superfície. Já estavam exaustos, mas depois da tempestade vem a bonança, e eles tiveram forças para aguentar os mais 110 dias até as águas baixarem. Sim, eles sobreviveram.
Foram tantos dias em alto mar, que os tigres haviam atravessado continentes. Quando enfim se encontraram em terra firme, perceberam um clima diferente. Pareciam estar mais ao sul do mundo. Belas praias enfeitavam o ambiente e se mostrava um lugar perfeito para reinar. A partir daquele momento, nada mais poderia assustar o poderoso Tigre, e era incrível como ele parecia ganhar mais forças em dias de chuva.
Ali o Tigre procriou e povoou a região com seguidores fieis que sentiam orgulho de poder fazer parte daquela legião. E conquistou mais do que se poderia imaginar. E foi mais longe que qualquer outro tigre na história desse planeta.
No fim, Noé estava enganado.
Sorte a nossa, pois aqui ele reinou e reina até hoje.”
Criciúma, o maior de Santa Catarina.